Search
Close this search box.
CUIABÁ

BRASIL

Pesquisadores defendem preservação de sítios arqueológicos indígenas

Publicados

BRASIL

Pesquisadores e 14 caciques xavante reivindicam com urgência a identificação, registro e preservação dos sítios arqueológicos que constituem antigas aldeias em Mato Grosso e que não estão demarcadas. Documento com a reivindicação foi enviado ao Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ao Ministério Público Federal (MPF) e à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

O documento surgiu após pesquisa em campo, coordenada pela arqueóloga e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Cláudia Plens, que comprovou, por meio de escavações arqueológicas, a existência de vala comum na Terra Indígena de São Marcos (MT). No local, foram enterrados indígenas vítimas de violações de direitos humanos na ditadura militar.

No mês de junho deste ano, os pesquisadores fizeram entrevistas com líderes e anciões da etnia xavante de Marãiwatsédé, além de deslocamentos por estradas vicinais de livre acesso. Com isso, foi identificada a localização de antigas aldeias que atualmente se encontram dentro de terrenos particulares. 

De acordo com o documento, a aldeia mais antiga dentre as identificadas pelos pesquisadores – chamada Bö’u – apresenta sítio arqueológico preservado, mas dentro de propriedade privada e, por isso, em situação de ameaça. Além disso, os autores do pedido ressaltam que o processo demarcatório não contemplou as antigas aldeias ocupadas pelos indígenas de Marãiwatsédé, das quais 11 estariam fora do perímetro demarcado da Terra Indígena Marãiwatsédé.

Leia Também:  Autoridades atualizam investigações sobre desaparecimento no Amazonas

“Eles [sítios arqueológicos em propriedade privada] podem desaparecer. O fazendeiro pode passar a máquina, e toda a cultura material que poderia contar a história dos xavante pode ser destruída. É o patrimônio cultural dessa sociedade que pode desaparecer”, enfatizou a antropóloga.

O documento, que é assinado por Cláudia Plens, pelo antropólogo Paulo Delgado, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e por 14 caciques xavante, destaca que, durante as entrevistas, “as lideranças e anciões ressaltaram a importância da manutenção e proteção dos antigos locais de moradia por constituírem referências importantes na sua organização social, assim como na sustentação de sua identidade étnica a qual explicitasse por meio da relação ctônica [relativa à terra] entre aqueles locais de moradia e o modo de ser e existir do subgrupo xavante de Marãiwatsédé”. 

“Toda ocupação humana pode ser considerada um sítio arqueológico porque tem materialidade que atesta eventos históricos. Mas, oficialmente, ele só é considerado sítio arqueológico após cadastramento no Iphan. No caso dessas aldeias antigas, fomos até próximo a elas com os anciãos que nos acompanharam e descreveram as aldeias”, explicou a antropóloga.

Cláudia acrescentou que “eles [indígenas] não podem entrar ou chegar nas suas antigas aldeias, que hoje estão em propriedade privada. Por essa mesma razão, eu não pude entrar para delimitar e pegar informações para cadastrar as aldeias como sítio arqueológico no Iphan”. 

Leia Também:  Verão no hemisfério sul começa nesta quarta-feira

Em 1966, a população xavante de Marãiwatsédé foi vítima de remoção compulsória de seu território tradicional para a região de São Marcos, localizada a cerca de 500 quilômetros (km) de distância, onde viviam outros grupos xavante. A transferência foi feita em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), em um contexto de epidemia de sarampo. Dezenas de indígenas foram acometidos pela doença e morreram em poucos dias. Os mortos foram enterrados em uma vala comum na terra indígena. 

“Os sobreviventes, conforme relataram os interlocutores a essa pesquisa, naquela época, desejaram veementemente retornar a seus antigos locais de moradia em virtude não só da crise humanitária gerada pelo sarampo, mas, também, pela convivência forçada com um grupo xavante que lhes era hostil”, diz outro trecho. 

O Ministério Público Federal em Mato Grosso confirmou o recebimento do documento. “O 2º Ofício de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais fará a análise preliminar das informações relatadas e definirá os próximos passos, o que pode significar a instauração de um inquérito, o arquivamento do caso ou outras medidas cabíveis”, disse o MPF, em nota. 

A Agência Brasil solicitou posicionamento da Funai e do Iphan, mas não teve retorno até a conclusão da reportagem.

Fonte: EBC GERAL

COMENTE ABAIXO:
Propaganda

BRASIL

Prefeitura de SP constrói muro na Cracolândia para isolar área de usuários de drogas

Publicados

em

A Prefeitura de São Paulo ergueu um muro na Cracolândia, localizada no Centro da cidade, com cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, delimitando a área onde usuários de drogas se concentram. A estrutura foi construída na Rua General Couto Magalhães, próxima à Estação da Luz, complementada por gradis que cercam o entorno, formando um perímetro delimitado na Rua dos Protestantes, que se estende até a Rua dos Gusmões.

Segundo a administração municipal, o objetivo é garantir mais segurança às equipes de saúde e assistência social, melhorar o trânsito de veículos na região e aprimorar o atendimento aos usuários. Dados da Prefeitura indicam que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução média de 73,14% no número de pessoas na área.

Críticas e denúncias

No entanto, a medida enfrenta críticas. Roberta Costa, representante do coletivo Craco Resiste, classifica a iniciativa como uma tentativa de “esconder” a Cracolândia dos olhos da cidade, comparando o local a um “campo de concentração”. Ela aponta que o muro limita a mobilidade dos usuários e dificulta a atuação de movimentos sociais que tentam oferecer apoio.

Leia Também:  EBC terá sistema de participação social com comitês e ouvidoria

“O muro não só encarcerou os usuários, mas também impediu iniciativas humanitárias. No Natal, por exemplo, fomos barrados ao tentar distribuir alimentos e arte”, afirma Roberta.

A ativista também denuncia a revista compulsória para entrada no espaço e relata o uso de spray de pimenta por agentes de segurança para manter as pessoas dentro do perímetro.

Impacto na cidade

Embora a concentração de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, o número total de dependentes químicos não foi reduzido, como destaca Quirino Cordeiro, diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas. Ele afirma que, em outras regiões, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho (Zona Sul) e a Rua Doutor Avelino Chaves (Zona Oeste), surgiram novas aglomerações.

Custos e processo de construção

O muro foi construído pela empresa Kagimasua Construções Ltda., contratada após processo licitatório em fevereiro de 2024. A obra teve custo total de R$ 95 mil, incluindo demolição de estruturas existentes, remoção de entulho e construção da nova estrutura. A Prefeitura argumenta que o contrato seguiu todas as normas legais.

Leia Também:  Verão no hemisfério sul começa nesta quarta-feira

Notas da Prefeitura

Em nota, a administração municipal justificou a construção do muro como substituição de um antigo tapume, visando à segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes. Além disso, ressaltou os esforços para oferecer encaminhamentos e atendimentos sociais na área.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atua na área com patrulhamento preventivo e apoio às equipes de saúde e assistência, investigando denúncias de condutas inadequadas.

A questão da Cracolândia permanece um desafio histórico para São Paulo, com soluções que, muitas vezes, dividem opiniões entre autoridades, moradores e ativistas.

COMENTE ABAIXO:
Continue lendo

CUIABÁ

VÁRZEA GRANDE

MATO GROSSO

POLÍCIA

MAIS LIDAS DA SEMANA